sábado, 28 de maio de 2011

Carta para você

      A verdade é que ainda lembro da sua existência, mas há muito você deixou de ser a estrela que eu procurava ver no céu. É incrível como, mesmo que a gente não acredite, o tempo cuide em cicatrizar nossas feridas (ou "desviar o incurável do centro das atenções", se preferir) e torne algumas lembranças mais vagas à medida que passa; assim como também é notável o quanto crescemos como seres humanos, o quanto amadurecemos quando encaramos as coisas de frente, por piores que pareçam.
     Quando tudo isso começou, eu confesso que não queria mais encarar o mundo, não queria sonhar e, tampouco, olhar as estrelas que tanto gosto. Vivia sim um dia de cada vez, mas no piloto automático, de modo que foram se passando dias, semanas, meses... E eu continuava ali, sem notar o mundo mudar.
     Durante todo esse período eu acabava te revendo e, claro, no início era muito difícil. Contudo, com o passar dos verões, fui me acostumando, até chegar o dia em que te ver passou a não me incomodar mais, não doer mais e finalmente, tomei consciência de que aquele momento da minha vida estava me proporcionando um aprendizado e eu devia tirar o máximo de conhecimento dele.
     Não precisava te dizer isso, sei que você já sabia de tudo o que está escrito aqui. Você sabe o que significou pra mim e que este significado já se perdeu no tempo. Não, não me arrependo de tê-lo conhecido, apenas não descobri por completo ainda qual foi o objetivo do nosso encontro.
Mesmo sem te ver, acho até que estou indo bem.
M.

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