Hoje, durante a manhã fui a casa dos meus pais e resolvi procurar algumas coisas minhas que estavam lá - pena que não consegui encontrar todas.
Encontrei duas cartinhas da época em que eu tinha 11/12 anos, escritas por amigas (uma me parabenizando pelo meu aniversário, outra de uma prima que mora longe contando sobre as férias dela). Mexendo naqueles papéis e os relendo, eu lembrei de como eu era feliz na epoca, dos sonhos de pré-adolescente, das amizades que construí. Lembrei de como eu sentia que as pessoas eram verdadeiras, de como eu sempre gostei de ser alguém um tanto independente . Lembrei de que eu nunca me achara bonita - e eu sei que não sou, porém melhorei bastante kkkkk - mas não me importava com isso, porque eu tinha - e ainda tenho - preocupações maiores: VIVER.
Nesse clima de nostalgia, veio-me a mente aquela menina tão estranha e contraditória, que um dia, do nada, fez mais dois furos na orelha e resolveu pintar o cabelo de roxo e depois de vermelho, sabe-se lá o porquê. A lembrança dessa menina desencadeou a vinda de lembranças também daquela Alinne de aparelho, quietinha (diferente da gasguita de hoje kkk), estudiosa, super aplicada, com a qual eu estudava para as provas e passava cola pros nossos amigos nem tão estudiosos assim kkkkkk; daquela Mirelle com quem eu troquei canetinhas coloridas nos primeiros dias de aula, que tinha várias crises de riso, contagiava-me com sua alegria (algumas coisas não mudam), fazia-me mentir quando se metia em alguma enrascada (esses dias eram realmente engraçados) e que às vezes não fazia algum trabalho da escola e acabava entregando o rascunho do meu; da gatinha siamês Priss, muito na dela, com aquele jeitinho meigo, aquela preguicinha de estudar e de ir para a aula de Edc. Física, das nossas conversinhas durante as aulas ... Do Erison, o único guri do quinteto, do chiclete ploc, de JP e do 11e37. Lembrei também de um trabalho que meus amigos 'estudiosos' não haviam feito e que eu acabei fazendo dois e sorteando um para eles kkkkkkk; dos intervalos em que Linne, Mi, Priss, Galdino e eu ficávamos jogando conversa fora e nos quais eu adorava comer algo doce com algo salgado; de quando ignorávamos os gradeados, do estresse de Josefa comigo, das amadas aulas de Geografia e História, da apresentação do dia das mães em que eu fui com febre pra escola porque tinha me comprometido a ser um dos anjinhos e ensaiado a semana inteira "mãe, palavra que Deus criou...", dos primeiros paquerinhas das meninas (1 real, açuquinha :P - falando de Mi e Priss, obviamente, porque Alinne e eu éramos uma negação em se tratando de romances).
Lembrei também de uma epoca anterior, da minha amiga Moninha (Zé Lelé) que eu tanto gosto, mas que mal vejo. Do quanto a gente se falava por telefone e gostava de conversar- não que isso tenha mudado, entretanto o tempo disponível para visitar os amigos já não é mais o mesmo, já que junto com a idade chegam maiores responsabilidades e o contato diminui, porém mesmo sendo pouco, não apaga o que fora cultivado a tantos anos atrás.
E assim, depois de lembrar de tanta coisa boa já vivida, voltei ao presente, deparando-me com aquela menina que tinha o cabelo da cor de fogo com ele agora bicolor. O ar talvez menos sério, devido a tudo que viveu no decorrer desses anos, mas aquela velha responsabilidade ainda presente e, na face o sorriso, que ela não gostava que vissem, estampado por recordar momentos tão bons. A Alinne ainda doce, com o coração puro, aquele jeitinho encantador e sua falinha de dar dores no ouvido kkkkkkk; a Mirelle carente e um tanto diferente da que eu conheci em alguns aspectos (continua bagunceira, vale-se salientar), trazendo no rosto aquela alegria e orgulhando-me por buscar o melhor para si; a Priss, que eu não vejo a exatamente um ano, ainda quietinha, preservando aquele mesmo jeitinho e que, mesmo distante, está sempre presente. A Moninha, hoje já mãe e, assim como Priss, igualzinha a que eu conheci e o seu filhinho lindo com quem eu tanto gosto de brincar.
Isso tudo que eu lembrei e vivi prova que o passado nem sempre deve ser deixado para trás, que parte dele merece estar no nosso presente, contribuindo para um futuro mais feliz. Grandes amizades sobrevivem ao tempo e ao espaço. Grandes amizades não se deixam diluir no veneno trazido por pessoas traiçoeiras e egoístas que não entendem o que é a grandeza dessa manifestação do amor tão linda.
Ao longo desses anos fiz sim amigos novos, bem como me afastei de pessoas que eu julgava serem minhas amigas, mas na verdade não passavam de colegas. Todavia, o que eu enfatizo aqui é que nunca deixei para trás aquelas pessoas que contribuíram para tornar meus dias mais felizes e mais fáceis de serem vividos. Creio eu que, a partir do momento que alguém contribui para a sua felicidade e melhora a sua vida, não faz sentido deixá-lo cair no esquecimento, a não ser que esse alguém passe a ser prejudicial ao seu bem por algum motivo. A verdade é que o tempo e a convivência nos revelam quem é quem, de modo que as pessoas destinadas a marcar nossas vidas sempre estarão presentes de alguma forma, seja ali ao nosso lado todos os dias, seja no pensamento ou dentro dos nossos corações, pois mesmo ocorrendo períodos de distanciamento - já que somos humanos e vez por outra precisamos passar um tempo apenas com nós mesmos- nada muda o que ficou guardado, nada muda o que foi vivido.
Ps.: Algumas pessoas podem estar estranhando o fato de não terem sido citadas nesse texto, mas ele remete a um período em que eu não as conhecia e, essas pessoas sabem também que assim como estas citadas, tem um espaço significativo no meu coração.
Ps².: Sei que o texto está repetitivo em algumas partes, não revisei :)